Bloco de Esquerda apresenta candidatos para as eleições autárquicas em Santarém
A apresentação dos cabeças de lista do Bloco de Esquerda teve lugar na sede da Sociedade Recreativa Operária de Santarém no Palácio Landal esta segunda-feira, 22, numa sessão que contou com as intervenções da cabeça de lista à Câmara, Filipa Filipe, do candidato à Assembleia Municipal, Francisco Cordeiro, de Graça Isabel, que concorre à União de Freguesias da Cidade de Santarém, e da coordenadora nacional do partido, Catarina Martins.
“Vamos fazer uma política diferente, com novas pessoas, mais transparente e mais inclusiva, ambicionamos mobilizar a população do concelho para participar nas decisões que lhes dizem respeito, sem que ninguém fique de fora,” declarou Filipa Filipe, a cabeça de lista do Bloco à Câmara Municipal de Santarém, na apresentação das grandes linhas do projeto autárquico do BE para a cidade e para o concelho que assenta “em 10 laços de uma candidatura cidadã e de afeto por Santarém”.
“Decidi aceitar a proposta de ser candidata neste amplo projecto político, que junta um partido e pessoas independentes oriundas de diferentes movimentos, como por exemplo, o Coração da Cidade, o Mais Santarém, pessoas vindas de outros partidos, de associações culturais, desportivas e até de sindicalistas”, explicou Filipa Filipe.
Filipa Filipe afirma que o Bloco é “uma alternativa credível, com um trabalho prévio consistente no concelho”, sublinhando que é “a força política que apresentou mais propostas e que teve mais propostas aprovadas na Assembleia Municipal de Santarém, muitas com efeitos concretos na vida das pessoas. A título de exemplo, refere a casa abrigo para vítimas de violência doméstica e o mediador para a comunidade cigana, este último ainda por concretizar.“É urgente construir uma nova visão para o concelho, para o revitalizar”, defende a cabeça de lista do BE.
“O Bloco de Esquerda nasceu para mudar a política, hoje muitas dessas causas estão na agenda, como a igualdade de géneros ou o respeito pelos direitos da minorias – agora é preciso também trazer essas causas para mudar a política nas autarquias, pois há direitos conquistados na lei, desprezados na prática”, declarou Catarina Martins.
Alertou para os perigos da mercantilização dos espaços e bens públicos, considerando que “aquilo que ´+e de todos deve estar ao serviço de todos”.
Para a coordenadora nacional do BE, esta candidatura em Santarém “está aqui para quebrar a rotina e implementar a exigência” no poder local.
Em defesa da transparência, Catarina Martins afirma que “as autarquias não podem ser as coutadas dos autarcas e dos presidentes de Junta a quem se dá uma palavrinha para receber um favorzinho”.
Sobre democracia participativa, a líder do Bloco entende que “as eleições não podem ser só de quatro em quatro anos, as pessoas devem ser chamadas a uma participação ativa em políticas de proximidade”. Salientou que o Bloco foi o primeiro partido em Portugal a introduzir as questões relacionadas com o Orçamento Participativo na agenda política.
Presentes nesta apresentação, estiveram além de catarina Martins e dos candidatos locais, o deputado do Bloco pelo distrito Carlos Matias, a ex-deputada e atual vereadora e candidata do Bloco em Torres Novas, Helena Martins, e o jornalista angolano Cedric Carvalho, do jornal Folha 8, um dos jovens que estiveram presos em Luanda com Luaty Beirão.
Bloco apresenta caras novas na corrida autárquica
Filipa Filipe, psicóloga clínica, de 29 anos, é a candidata do Bloco de Esquerda à Câmara Municipal de Santarém nas próximas eleições autárquicas. “Moro na cidade de Santarém e vejo neste concelho um enorme potencial; existindo mais pessoas com estes interesses em comum, possuindo diferentes saberes e estando disponíveis para uma aliança cidadã, envolvi-me com entusiasmo neste desafio”, disse a candidata. “Estamos aqui porque os executivos anteriores não fizeram o seu trabalho. Não deram respostas às necessidades concretas das pessoas”, afirmou Francisco Cordeiro, o cabeça de lista à Assembleia Municipal. de 28 anos, administrador de sistemas de informação, que que prometeu uma “maior fiscalização” à atuação da Câmara.“Precisamos de freguesias mais ativas”, numa cidade “que merece ter políticas de esquerda voltadas para o bem comum”, afirmou Graça Isabel, funcionária pública, de 46 anos, que concorre como independente à Assembleia de Freguesia da União da Cidade, e que em 2013 já fez parte das listas do movimento “Mais Santarém”.
Os Dez laços da candidatura
As grandes linhas da candidatura estão resumidas em “10 laços de uma candidatura cidadã e de afeto por Santarém”:
1 – Colocar a Cidadania no centro da vida autárquica: procurar formas de fomentar uma ampla participação popular na vida das localidades, valorização do voluntariado, associativismo, e participação cívica. Envolver cidadãos, todo o Concelho e Cidade num compromisso mútuo para o bem-estar de todos. Primeiro as pessoas!
2 – Novas pessoas, novas formas de fazer política em Santarém: uma candidatura de novos protagonistas, pessoas sem responsabilidades na direção política do “estado a que isto chegou”, aproximando gerações e criando linguagens comuns e acessíveis.
3 – Implantar a Democracia Participativa: introdução do orçamento participativo; realização de referendos sobre assuntos importantes para as populações e facilitação da participação popular na Assembleia Municipal.
4 – Transparência e participação pública: uma política de mãos livres e mãos limpas; rejeição das ligações corruptas e pouco transparentes entre interesses privados e poderes públicos; auscultação pública nas freguesias antes da tomada das decisões mais importantes; prioridade ao investimento que beneficie o emprego e a região; publicitação pública através da imprensa local dos actos da governação e serviço ao Concelho.
5 – Corte com a austeridade local: criar uma estratégia de diminuição progressiva do IMI e das taxas sobre a água e resíduos; reforçar o apoio social aos mais pobres criando um Fundo Social de Emergência. Oposição a medidas de transferência de competência do poder central para o local, nomeadamente, nas áreas da saúde e educação. Esses valores terão que ser amplamente divulgados e o modo como os seus objectivos forem utilizados e cumpridos, devidamente fiscalizados, fazendo assumir aos eleitos a posição de servidores do interesse do colectivo.
6 – No ambiente e no poder, o que é de todos ao serviço de todos; rejeição da privatização das Águas de Santarém e da Resitejo pôr fim aos compadrios de criar lugares para executivos serventuários do poder; vasta e permanente sensibilização ambiental para a florestação, incluindo jardins do espaço urbano, da boa utilização da água e redução de resíduos. Atitude pró-activa na defesa e luta contra a poluição dos rios e pelo fim da central nuclear de Almaraz.
7- Regeneração urbana e mobilidade urbana para todos: plano integrado para a recuperação do Centro Histórico, Ribeira e Alfange, privilegiando Associações de Moradores, Associação de Estudo e Defesa do Património Histórico-Cultural de Santarém, Associações de Comerciantes ou outras. Estudar a possibilidade de criar uma bolsa de habitação, a partir de protocolo com os proprietários e a partir das casas devolutas beneficiando todos. Tendo em conta a morfologia dos espaços, adaptar meios de locomoção, estacionamentos e vias de acesso que melhor sirvam os habitantes.
8 – Um poder autárquico com princípios: respeito pela Carta dos Direitos Humanos, da Constituição da República, dos direitos dos animais e do amor à natureza. Apoio aos dirigentes e ao movimento associativo cultural, desportivo e recreativo com princípios de maior igualdade. Todos os eleitos são servidores da causa pública, tanto no desempenho de funções como na oposição.
9 – Trazer ao de cima o melhor das nossas gentes implica um poder político inclusivo: apoiar os que mais precisam, as pessoas portadoras de deficiência, priorizar as crianças e idosos, Cidade e Freguesias Rurais, ajudando a criar neste concelho lugares e momentos de vida mais solidários e agradáveis.
10 – Valorização da identidade, da história, da cultura e da arte: quem gosta da terra onde vive valoriza-a. Exalta a sua identidade, a história e os saberes ancestrais e das suas gentes. Estima o Tejo. Dinamiza a cultura e a arte nas suas diversas vertentes apoiando os jovens, os novos valores e a modernidade, colocando esses factores ao serviço da cultura regional e do turismo.