Que democracia queremos?
Como sabem, em Portugal as instituições políticas têm por base a democracia representativa. Nos momentos eleitorais, os e as portuguesas escolhem quem as representa na assembleia da república, nas autarquias, no parlamento europeu, entre outros.
Teoricamente os eleitos devem representar os eleitores, mas na verdade existem muitas variáveis que impedem que esta relação seja assim tão direta.
O contexto globalizado em que vivemos impede também uma representatividade direta. Por exemplo, o governo português tem que cumprir constantemente exigências da UE, para além de outras pressões de organismos como a NATO.
As formas tradicionais da democracia representativa são igualmente cada vez mais afetadas pelo crescente distanciamento entre cidadãos e representantes, como confirmam as crescentes taxas de abstenção nos momentos eleitorais.
Na nossa visão, as forças democratas têm a obrigação de incentivar a participação de todas e todos, formando assim múltiplos agentes políticos, em vez de criar uma mera elite representativa.
Uma democracia viva deve ser muito mais do que instituições, partidos, representantes políticos, leis.
Uma democracia orgânica precisa de uma população atenta, informada e participativa.
No nosso entender, as pessoas atentas às injustiças e com coragem de se organizar, lutar, pressionar as diferentes instituições e gerar mudança pelas próprias ações são o bem mais precioso de uma sociedade baseada em valores democráticos, comunitários e humanistas.
Jéssica Vassalo
Francisco Cordeiro
21 de março de 2020